segunda-feira, 9 de junho de 2008

Potencial farmacológico das plantas medicinais


Tratamento de fadiga, tensões, artrites, reumatismo, inflamações, cólicas, dores pelo corpo, desinterias, doenças renais - essas são algumas das propriedades ativas da planta Ipomoea pes-caprae, objeto de estudo das pesquisadoras Janaína Silva Micheletto e de sua orientadora, Maria Bernadete Gonçalves Martins, docente da UNESP São Vicente.
A planta, também conhecida popularmente como “salsa-da-praia”, “pé-de-cabra” (devido ao formato de sua folha ser similar ao casco de um animal), “batateira-da-praia”, “cipó-da-praia” ou genericamente por bom-dia, é muito utilizada na medicina popular e está presente em todo o litoral brasileiro, ocupando seu espaço em dunas e restingas.
Entre os seus usuários, estão os aborígines australianos, que utilizam as folhas aquecidas em feridas, infecções de pele, escarias e também em locais atingidos por ferroadas de peixes venenosos, como a raia-manta e também por picadas de insetos.
Essas propriedades medicinais das plantas são resultados de sua capacidade em produzir e secretar determinadas substâncias ativas, como agentes analgésicos, através de estruturas conhecidas como “glândulas-secretoras”. Estas glândulas, localizadas nas folhas, são locais de síntese e armazenamento de várias substâncias químicas, de grande importância para melhor compreensão do funcionamento destas secreções, porém são pouco conhecidas e descritas na literatura científica pelos pesquisadores.
Com o objetivo de preencher esta lacuna, essa pesquisa buscou descrever a anatomia das folhas de Ipomoea pes-caprae e também identificar os constituintes químicos presentes no extrato obtido a partir das folhas, visando fornecer subsídios à indústria farmacêutica, tendo em vista a alta potencialidade farmacológica da espécie.
A pesquisa foi realizada utilizando-se o Laboratório do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Microscopia Eletrônica (NAP/MEPA) e do Laboratório de Anatomia Vegetal da ESALQ-USP, onde foram desenvolvidas análises da anatomia foliar. Já as análises dos compostos químicos da planta foram realizadas no Laboratório do Departamento de Química Orgânica, da UNESP Araraquara.
Os resultados dos estudos anatômicos indicaram, entre outras estruturas, a presença de várias glândulas secretoras, identificadas como glândulas secretoras peltadas, distribuídas na superfície foliar, que contém vários componentes químicos, além da presença de laticíferos que são canais que circulam látex.
O látex pode conter carboidratos, ácidos orgânicos, alcalóides e, várias partículas distribuídas, incluindo terpenos, óleos, resinas e borracha. Na identificação dos constituintes químicos do extrato foliar, foi detectada a presença majoritária de flavonóides. Os flavonóides têm várias funções nutricionais que têm sido descritas como modificadores de respostas biológicas, como agentes antioxidantes e com propriedades antiinflamatórias, também, acredita-se, serem capazes de prevenir ou retardar o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
Estudos com apoio da Fundação para o Desenvolvimento da UNESP - FUNDUNESP, e com maiores detalhes de resultados, vêm sendo desenvolvidos pela professora Bernadete, em busca de melhor compreender o metabolismo dessas espécies, bem como avaliar a presença de substâncias com potencial farmacológico que poderão ser usadas futuramente em benefício humano. (Unesp)
Fonte: [ Universia Brasil ]

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